3 de junho de 2009

Na "Democracia Representativa", a quem representam os "representantes"?

A grosso modo, Democracia representativa é um sistema político onde um grupo ou pessoa eleito, normalmente por eleições, para "representar" um povo ou uma população, isto é, para agir, falar e decidir em nome do povo. Os representantes do povo se agrupam em instituições chamadas Parlamento, Congresso ou Assembleia da República

No sistema democrático da Atenas antiga, a participação no processo democrático era limitada a alguns membros da sociedade, mas que participavam efetivamente. Na "Democracia Representativa", o sufrágio universal conseguiu ''quantitativamente'' garantir a participação da grande maioria de cidadãos. Porém ''qualitativamente'' seus mecanismos limitam da grande maioria do povo à participação em pleitos eleitorais, como eleitor, somente votando em seus "representantes".

A "Democracia Representativa" torna estrutural e permanente uma separação entre ''dirigentes'' e ''dirigidos''. A diferença entre ''dirigentes'' e ''dirigidos'', ou "representantes" e "representados", acaba por afastar a política das práticas cotidianas, afastando duas esferas muito íntimas na democracia participativa ou direta: a política e a vida social. Como menciona Cornellius Castoriadis, "(...)a representação "política" tende a "educar" – isto é, a deseducar – as pessoas na convicção de que elas não poderiam gerir os problemas da sociedade, que existe uma categoria especial de homens dotados da capacidade especifica de "governar"(...)'' (cf. CASTORIADIS, Cornelius. A fonte húngara. In: Socialismo ou Barbárie. O conteúdo do socialismo. São Paulo: Brasiliense, 1983, p.274.)

Outra das mais frequentes críticas à democracia representativa, além do generalizado desencanto com os políticos profissionais, é que a "opinião" do Povo só é consultada uma vez a cada quatro anos, após campanhas irrigadas com dinheiro público e dinheiro privado (o qual, apesar dos mecanismos de controle existentes, muitas vezes sua origem não é passível de identificação). Claro que nenhuma empresa faz doações -legais ou não e muitas vezes milionárias- se não tiver retorno desse "investimento". Além disso, uma mesma empresa costuma fazer polpudas doações a vários candidatos dos mais variados partidos políticos.

Após as eleições, os "representantes" são proprietários de seus mandatos, podendo agir como bem entenderem e sem dar satisfação a quem quer que seja, até a próxima eleição. A quem representa os "representantes" que elegemos?

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